Dilma e Palocci, um enigma

Por Eliane Cantanhede


O ato de despedida de Antonio Palocci no governo deixou uma dúvida: por que a presidente Dilma Rousseff passou três semanas sem defender com garra o ministro e ontem, abatida e emocionada, o elogiou calorosamente?
"Eu estaria mentindo se dissesse que não estou triste. Tenho muitos motivos para lamentar a saída de Palocci. Motivos de ordem política, pelo papel que desempenhou na minha campanha; administrativa, pelo papel que tinha e teria no meu governo, e motivo de ordem pessoal, pela amizade que construímos", disse, com voz embargada.
De duas, uma:
1 - Palocci ganhou R$ 20 milhões no ano eleitoral com sua empresa de uma funcionária só, metade deles já como coordenador da transição, mas Dilma acha que isso não tem nada demais. Iniciativa privada é iniciativa privada...
2 - Ou Palocci não ganhou para si, mas sim para o partido, a campanha, a causa, um esquema de poder. Neste caso, Dilma não o condena e é até grata a ele.
É possível que a opinião pública nunca saiba a solução desse enigma de ordem ética. Dilma e Palocci trataram de debitar a crise a "embates políticos" e à oposição, enquanto a nova chefe da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, estendia a mão ao Legislativo. "Não sou trator."
Gleisi é uma mulher muito bonita, mas isso é só um detalhe. Ela é também inteligente, preparada, com experiência em gestão e gosto pela política. Pode ser de grande serventia num governo em busca de personalidade, organicidade e interlocução política -até, ou especialmente, com os próprios aliados.
Mais do que assumir o principal cargo da República depois da Presidência, ela tem o desafio de ser uma boa conselheira e um marco do recomeço do governo Dilma.
Um porém: Gleisi é uma peça importante, mas só uma peça. Quem mexe o tabuleiro é Dilma, o que exige jeito, tática, estratégia e liderança. Ela precisa treinar mais.

Eliane Cantanhede é comentarista de politica da Folha de São Paulo. Este artigo foi publicado originalmente na edição de 09.06.11.

sexta-feira, 25 de dezembro de 2009

Van Gogh

Em Maceió, Alagoas, um Vereador ficou sem a metade da orelha, mas isso não teria muita importancia se a causa não tivesse sido uma briga com outro Vereador, os dois atracados, rolando no chão, e isso tudo em meio à confraternização natalina numa casa de eventos, tudo pago pela Camara Municipal.

O Mike Tayson da ocasião, que numa dentada deixou o adversário sem poder ao men os sonhar em usar brinco, foi o Presidente da Camara, Eduardo. O Hollyfield foi o Vereador Corintho.

Lembra o Mike Tayson que logo no começo da luta partiu para o adversario Hollyfield e foi logo arrancando a orelha dele com uma mordida? Isso foi numa luta de boxe nos Estados Unidos.

O Maranhão, que disputa sempre com Alagoas o primeiro lugar no Brasil em tudo que não presta, nesse ranking de arrancar orelha de inimigo a dentadas, fica devendo essa.

E talvez nunca supere Alagoas nesse quesito porque o nosso bicho raivoso, predador implacável, já está desde algum tempo desdentado, que nem o leão da Metro Goldwin Mayer.

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